Por muito tempo acreditou-se que o
sal era um dos maiores vilões de doenças cardiovasculares. No entanto, a
recomendação de se reduzir seu consumo não tinha como prova experimentos
práticos, possibilitando a existência de uma controvérsia nesse assunto. Estudos
recentes indicam que uma redução muito grande do consumo de sal pode até
potencializar fatores de risco de doenças e ser prejudicial à saúde.
Uma reportagem do The New York Times revela a magnitude
dessa discussão e mostra fatos que compravam que ela está longe de atingir um
consenso. A maioria absoluta das entidades médicas recomenda o baixo consumo de
sal, já que acreditam que esse é prejudicial ao organismo e pode provocar piora
de doenças. Essa reportagem mostra exatamente a faceta oposta dessa discussão.
Renomados médicos internacionais vêm questionando a validade dessa recomendação
e sugerindo novas “verdades”.
Em 2008, um estudo realizado em
pacientes italianos constatou que aqueles que ingeriram muito pouco sal tiverem
mais de três vezes o número de readmissões hospitalares e o dobro de mortes
quando comparados aos que ingeriram alta quantidade de sal.
Outro estudo, publicado em 2011,
constatou que o risco de ataques cardíacos , acidente vascular cerebral,
insuficiência cardíaca congestiva e morte por doença cardíaca aumentava muito
em pessoas que consumiam mais de 7.000 miligramas e menos de 3.000 miligramas
de sódio.
O que acontece na verdade é que com
um consumo baixo de sal, nós estamos prejudicando a nossa saúde, ao invés de
ajudá-la. Por que? Bom, ao contrário do grande consumo de sal, que faz com que
o corpo aumente a reabsorção de água, e consequentemente aumente a pressão
sanguínea, quando o consumo de sal é baixo, o corpo tem uma alta resposta de
renina para contrapor esse quadro.
Como já vimos, a renina aumenta a
reabsorção de sódio nos túbulos contorcidos distais e ducto coletor dos néfrons,
e essa absorção de sódio, como já vimos também, acaba ativando a reabsorção de
água, e isso causa uma resposta semelhante ao que ocorre ao grande consumo de
sal, ou seja, tem-se um aumento da pressão arterial.
Bom, o que se sabe é que nem tudo em
excesso faz bem da mesma forma que a falta também não faz. Isso é o que
comprovaram com esses estudos, que o ideal para não se correr riscos é a faixa
considerada normal de consumo, até porque se tem que essa faixa não é
determinada por fatores dietéticos e sim por fatores fisiológicos.
Outra coisa bastante explorada pelo
ensaio é o conceito de até aonde vai os efeitos da redução do consumo de sal,
se ele levaria a uma prevenção de uma doença crônica ou era um efeito apenas
imediato. O que se sabe é que enquanto não houverem provas conclusivas do que de
fato é bom ou não no consumo do sal, a regra de baixo consumo para diminuição
da pressão arterial vai permanecer.
Fontes:
Colaboradores:
Débora Rosa Fonseca e Armindo Jreige