quarta-feira, 3 de julho de 2013

Metabolismo de lipídios e LDL




            Os lipídios desempenham importantes funções biológicas, tais como serem isolantes térmicos, componentes de membrana, reserva de energia e servirem como proteção contra choques. Como sugerido por Harper et al. (1982), os lipídios podem ser classificados em simples (ésteres de ácidos graxos com diversos álcoois, como glicerídeos e cerídeos), compostos (ésteres de ácidos graxos contendo outro grupo além do álcool e do ácido graxo, como glicolipídios e fosfolipídios) e derivados (obtidos através da hidrólise/decomposição de lipídios simples e compostos, sendo o colesterol um dos mais importantes).
            O metabolismo em si dos lipídios consiste nas reações de degradação e síntese desses compostos. A degradação dos lipídios ocorre pela beta oxidação, em que ácidos graxos de cadeia longa são transformados em acetil-CoA, que entra no ciclo de Krebs, e NADH e FADH2, que por suas vez são usados na cadeia transportadora de elétrons. Em situações de escassez de carboidratos e excesso de acetil-CoA gerado pela lipólise, ocorre a cetogênese, ou seja, a produção de corpos cetônicos. Já a síntese dos ácidos graxos ocorre a partir da carboxilação do acetil-CoA para formar malonil-CoA, que é percurso do ácido palmítico, que por sua vez é percursor de cadeias insaturadas de carbono que dão origem a ácidos graxos.
            A oxidação dos ácidos graxos ocorre, basicamente, em três estágios. O primeiro é a própria beta oxidação, em que um acido graxo de cadeia longa é oxidado para produzir acetil-CoA. O segundo ocorre com a oxidação do acetil-CoA à CO2 através do ciclo do acido cítrico. Já o terceiro estágio é a passagem dos elétrons derivados das oxidações dos estágios 1 e 2 para o O2 através da cadeia respiratória mitocondrial, promovendo a energia para síntese de ATP pela fosforilacão  oxidativa.

            Lipoproteína de baixa densidade (LDL) é uma das lipoproteínas que permite o transporte de diferente moléculas de gordura, como o colesterol, mesmo com a célula envolta por água [1]. Esse transporte é possível já que a LDL possui uma molécula de apolipoproteína B-100 que circula as moléculas de gordura, mantendo-as solúveis em água. Quando a célula necessita de colesterol, sintetiza os receptores de LDL necessários e os insere na membrana plasmática. A LDL circulante se liga a esse receptor e então é endocitada via clatrina[2].

            Após uma lesão do endotélio vascular, as LDL começam a se acumular em seu interior, sofrendo oxidação e se tornando imunogênicas, ou seja, capazes de desencadear uma resposta do sistema imunológico. Posteriormente, os monócitos já diferenciados em macrófagos capturam as LDL oxidadas, ficando repletos de gordura em seu interior (“foam cell”) e sendo um dos principais componentes das lesões iniciais da aterosclerose. O aumento da LDL pode ocorrer pela elevada ingestão de gorduras altamente saturadas, por obesidade e por inatividade física e é, portanto, um fator de risco para a aterosclerose.

[1] Moléculas de gordura são de caráter hidrofóbico, ou seja, tem aversão a moléculas de água. As lipoproteínas são partículas esféricas que tem sua superfície composta principalmente por proteínas hidrossolúveis e em associação a moléculas de gordura, proporcionam seu transporte.
[2] Clatrina é uma proteína que auxilia na formação de vesículas para serem exocitadas ou endocitadas. Ela forma uma espécie de capa (rede poliédrica) envolta da vesícula e é liberada após a liberação dessa.
Fontes:
Nelson, David L. Cox, Michael M. Princípios de Bioquímica de Lehninger. Porto Alegre: Artmed, 2011.
Guyton, Arthur C.; Hall, John E. Tratado de Fisiologia Médica. Elsevier: Rio de Janeiro, 2011.

Imagens:
Nelson, David L. Cox, Michael M. Princípios de Bioquímica de Lehninger. Porto Alegre: Artmed, 2011.

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