quarta-feira, 12 de junho de 2013

Histofisiologia do Coração e a Condução Cardíaca

Como continuação do post anterior, vamos falar sobre como ocorre a condução do impulso nervoso sobre as células cardíacas, e quais os mecanismos necessários para o correto processo.

Antes de falarmos sobre condução, é necessário entender o que é potencial de ação (PA). Para que ocorra a condução é fundamental que exista um estímulo adequado que mude a polarização transitória na transmembrana, sendo isso chamado de potencial de ação. E é exatamente isso que caracteriza as fases de polarização das células, sendo elas divididas em: fase 0, fase 1, fase 2, fase 3 e fase 4.

A fase 0 (chamada de despolarização rápida) é caracterizada pela "perturbação"do repouso em que a célula se encontra, provocado por um estímulo elétrico. Esse estímulo (desde que na quantidade adequada) é o suficiente para que ocorra a abertura de canais de sódio rápidos, que são voltagem-dependentes, resultando na entrada de sódio para o citoplasma (influxo de sódio -INa), mesmo que de maneira rápida. Essa pequena quantidade de sódio é o suficiente para promover outras despolarizações e faz com que outros canais sejam influenciados e se abram, aumentando rapidamente o INa.

Na fase 1 (conhecida como fase de repolarização) ocorre o fechamento dos canais de sódio rápidos que foram abertos na fase 0, devido a falta de estímulo. Essa repolarização ocorre de certa forma pela abertura dos canais de potássio (Ito1) e dos de cloro (Ito2), que se destinam para fora da célula. Essa abertura ocorre devido a despolarização inicial, por isso se fecham em seguida.

A fase 2 (chamada de platô) é caracterizada por um equilíbrio mantido entre a entrada de cálcio (pelo canal ICa(L)) e a saída de potássio (pelo canal IKS- é um canal lento). Essa fase também recebe uma pequena ajuda dos canais de troca de sódio-cálcio (INa,Ca) e da bomba de sódio-potássio (INa,k).

Na fase 3 (também chamada de fase de repolarização rápida) ocorre o fechamento dos canais ICa(L), mas os canais IKS permanecem abertos, o que faz com que tenha uma polarização negativa, e outros canais de potássio também se abram ( IK- é um canal rápido,  IK1). Quando ocorre a queda do PA, estabelecendo assim a repolarização da célula, o IKR se fecha, mas o IK1 se mantém aberto para atuar na fase 4.

A fase 4 (conhecida como fase de repouso) mantém o seu controle unicamente pelo IK1, que equilibra o PA característico do repouso, e assim permanece até que se estabeleça outro estimulo que vai desencadear o ciclo outra vez.




Entretanto, essa condução não é uniforme, isto é, não acontece da mesma forma para todas as células. Podemos classificá-las quanto a sua resposta ao PA, sendo elas: células de resposta rápida e células de resposta lenta.
As células de resposta rápida são as responsáveis pela contração do miocárdio em si, e se encontram nas células do sistema His-Purkinge e as células do miocárdio atrial e ventricular. Elas seguem o padrão explicado acima, diferentemente do que ocorre nas células de resposta lenta.
As células de resposta lenta são as responsáveis pelo inicio da onda de despolarização cardíaca, e se encontram no nodo sino-atrial e no nodo atrio-ventricular. Elas apresentam algumas pequenas diferenças, como  o fato o estado de repouso ser menos negativo do que é considerado normal (ao invés de -90 mV, é aproximadamente -60 mV), e por esse fato recebe o nome de pré-potencial. Por esse fato, pode-se dizer que não existe a fase 1 e a fase 2, pois essa pequena diferença faz com que a célula não receba a quantidade de estímulo adequado para se despolarizar. Além disso, na fase 4 atua um outro canal de sódio (If), que é ativado pela repolarização da membrana.

A linha em vermelho representa o potencial de ação nas células de resposta rápida, enquanto a de azul representa as células de resposta lenta.

A condução de uma fibra para outra ocorre por meio dos discos intercalares, que possuem uma menor resistência elétrica que geram uma movimentação de íons mais efetiva, e o que acaba, pela despolarização de uma célula, gerando o PA em outra.
Por último, o sentido da condução se dá da seguinte maneira: o estímulo chega no nodo sino atrial, que propaga o sinal para outros quatro feixes: Feixe de Batchman, Trato Internodal Anterior, Trato Internodal Médio e Trato Internodal Posterior. Os três tratos internodais confluem para o nodo átrio-ventricular, e dele o estimulo de propaga para o Feixe de Hiss que se divide em ramo de condução direito e ramo de condução esquerdo. Dos ramos, ocorre a propagação para as fibras de Purkinje, representados a seguir:


Representação da sequência da condução cardíaca, tendo como início o nodo sino-atrial (na imagem representado como nodo sinusal)

Fontes:

http://stbfisio.blogspot.com.br/2008/01/eletrofisiologia-cardaca-membrana.html 
http://pt.scribd.com/doc/7439621/Cardiologia-Fisiopatologia-das-Arritmias-Cardiacas
http://www.virtual.epm.br/material/tis/curr-bio/trab2003/g5/fibra5.html 
http://es.wikipedia.org/wiki/Potencial_de_acción_card%C3%ADaco 
http://www.dfarmacia.com/farma/ctl_servlet?_f=37&id=13023366 

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